Jurassic Park III
Todo mundo lembra de Niemeyer quando desce o sarrafo em Brasília, mas, para fazer justiça histórica, Lúcio Costa é tão responsável pela desgraça quanto o stalinista decrépito. O meu bode em relação à Brasília se deve em grande parte à arquitetura kitsch e grandiloqüente de Niemeyer, mas a concepção do projeto piloto contribuiu para a sensação de opressão e agorafobia que me acometeu quando eu lá estive. Aliás, são Google me ensinou que Costa não quis que a cidade tivesse forma de avião, mas de borboleta. Eu nunca soube disso. Em sua última entrevista, dada ao Correio Braziliense, Costa protestou: "Não tem nada de avião! É como se fosse uma borboleta. Jamais foi um avião! Coisa ridícula! Seria inteiramente imbecil fazer uma cidade com forma de avião. Do triângulo da Praça dos Três Poderes, que é a cabeça da cidade, surgiu a Esplanada para receber esses prédios destinados aos Ministérios. Surgiu o Eixo Monumental, não num sentido pretensioso, numa plataforma mais elevada." Uma pergunta que me ocorreu: e uma cidade em forma de borboleta, também não seria inteiramente imbecil? Avião ou borboleta, helicóptero ou mariposa, Brasília me parece um quadro de De Chirico, com seu ambiente metafísico-opressivo. Quando vi A piazza d'Italia (a pintura que ilustra o post) pela primeira vez, percebi de onde Niemeyer e Costa tiraram inspiração para projetar Brasília. O único detalhe no quadro que desagradou ao velhinho stalinista foi a presença de gente, mas ele conseguiu evitar esse incômodo na cidade
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