Viva o povo latino-americano!
Eu adoro os intelectuais brasileiros. Se eu estou sem assunto, não fico mais angustiado. Basta esperar o artigo de algum dos gênios que ocupam nossas universidades. Emir Sader é um dos melhores. Por algum motivo obscuro, ele consegue emplacar artigos com regularidade na Folha, e não apenas na Agência Carta Maior (um tipo de Mídia sem Máscara de esquerda). Na edição de ontem da Folha, há um texto de Sader intitulado “Viva o povo latino-americano!” - assim mesmo, com ponto de exclamação. O tema do artigo é a suposta guinada da América Latina para a esquerda, com direito a elogios encomiásticos ao companheiro Evo Morales, como seria de se esperar.
Mas a melhor parte não são os elogios ao chefe dos cocaleiros. O trecho que mudou meu modo de ver a região está logo no primeiro parágrafo: “O povo da América Latina e do Caribe foi vítima, nas quatro últimas décadas, de duas violentas ofensivas contra seus direitos, sua identidade e sua própria existência como povo. A primeira foi a das ditaduras militares, concentradas mais ao Sul do continente, mas com distintas expressões em outras regiões da América Latina e do Caribe. A segunda foi a dos governos neoliberais - que se estenderam por praticamente todo o continente -, ofensiva não menos violenta e destrutiva que a primeira.”
Eu juro que não tinha reparado que a ofensiva dos governos “neoliberais” foi tão violenta e destrutiva como a das ditaduras militares. Eu devo ser muito desinformado. Sempre vi grandes diferenças entre o governo de Fernando Henrique e o de Médici, por exemplo. Achava que o primeiro não mandava torturar e matar opositores, e nem impedia a liberdade de expressão. Mas Sader deve saber mais do que eu. Quem é fã de carteirinha de Cuba, nunca mencionando o fato de o país ser uma ditadura, merece respeito e tem credibilidade, não é mesmo?
Mas a melhor parte não são os elogios ao chefe dos cocaleiros. O trecho que mudou meu modo de ver a região está logo no primeiro parágrafo: “O povo da América Latina e do Caribe foi vítima, nas quatro últimas décadas, de duas violentas ofensivas contra seus direitos, sua identidade e sua própria existência como povo. A primeira foi a das ditaduras militares, concentradas mais ao Sul do continente, mas com distintas expressões em outras regiões da América Latina e do Caribe. A segunda foi a dos governos neoliberais - que se estenderam por praticamente todo o continente -, ofensiva não menos violenta e destrutiva que a primeira.”
Eu juro que não tinha reparado que a ofensiva dos governos “neoliberais” foi tão violenta e destrutiva como a das ditaduras militares. Eu devo ser muito desinformado. Sempre vi grandes diferenças entre o governo de Fernando Henrique e o de Médici, por exemplo. Achava que o primeiro não mandava torturar e matar opositores, e nem impedia a liberdade de expressão. Mas Sader deve saber mais do que eu. Quem é fã de carteirinha de Cuba, nunca mencionando o fato de o país ser uma ditadura, merece respeito e tem credibilidade, não é mesmo?
3 Comments:
Caros,
O Arranhaponte está viajando, e deve escrever posts esporádicos nos próximos dias. Por enquanto, vocês vão ter que se contentar apenas com os meus. Mas as fãs de meu co-blogueiro não precisam se preocupar. Ele volta na semana que vem
Abraços
By Marcos Matamoros, at 9:11 PM
Adam,
A crise na universidade é mais grave do que eu pensava se o movimento estudantil realmente acha que o "@" substitui o "O"
PS: Agüenta aí que o Arranhaponte já volta
Um abraço,
Marcos
By Marcos Matamoros, at 3:48 PM
Eu uma vez postei só pra chamar Sader de "homem mais burro do mundo". Mas decidi que a burrice dele nem é engraçada o bastante para justificar que eu o leia.
By Anônimo, at 3:06 PM
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