quinta-feira, dezembro 29, 2005

Os prazeres da carne

Por muitos e muitos anos, mantive uma atitude politicamente correta em relação aos vegetarianos. Nunca entendi muito bem como um sujeito pode preferir brócolis a picanha, mas tentava respeitar a diversidade de gosto gastronômico. Nos últimos tempos, porém, não tem sido fácil manter essa postura cordata. Eu estive no fim de semana em Buenos Aires, onde tomei vinhos deliciosos e comi carnes perfeitas. Numa dessas refeições memoráveis, eu me peguei pensando: se eu fosse vegetariano, teria de beber vinho numa refeição em que a pièce de résistance seria uma salada de alface com radicchio? O horror! O horror! Se é para comer mato, para que desperdiçar um bom vinho? Água de torneira serve. Às vezes, tenho dificuldade de esconder o sorriso de escárnio quando alguém diz que não come carne. O vegetariano me parece no fundo um pervertido. Você já acordou com vontade de comer rúcula e endívia? Eu não. Para mim, está claro: quem saliva diante de um prato de escarola tem algum problema



terça-feira, dezembro 27, 2005

Vida vira o jogo II

Eu reconheço que a história da coelha tem tudo para ser um sucesso de público. Além de violência e relações familiares conturbadas, há o primeiro caso de bestialismo lésbico da história. E é necessária a coragem de uma Antígona para dizer a frase que já nasceu clássica - e que sou obrigado a citar mais uma vez: "Eu amo mais minha coelha do que minha filha e meu marido". Imagine essa história nas mãos do Pedro Almodóvar?



Ganhou a arte II

Eu tentei achar uma dimensão shakespeareana na comovente história de amor de uma mulher por sua coelha, mas confesso que não encontrei. Como diz uma personagem de Maridos e esposas, de Woody Allen: A vida não imita a arte. A vida imita um programa de televisão ruim (a citação não é exatamente essa, mas eu não a encontrei no Google. Se alguém se lembrar do trecho certinho, envie cartas à redação, por favor)



quarta-feira, dezembro 21, 2005

Jurassic Park III



Todo mundo lembra de Niemeyer quando desce o sarrafo em Brasília, mas, para fazer justiça histórica, Lúcio Costa é tão responsável pela desgraça quanto o stalinista decrépito. O meu bode em relação à Brasília se deve em grande parte à arquitetura kitsch e grandiloqüente de Niemeyer, mas a concepção do projeto piloto contribuiu para a sensação de opressão e agorafobia que me acometeu quando eu lá estive. Aliás, são Google me ensinou que Costa não quis que a cidade tivesse forma de avião, mas de borboleta. Eu nunca soube disso. Em sua última entrevista, dada ao Correio Braziliense, Costa protestou: "Não tem nada de avião! É como se fosse uma borboleta. Jamais foi um avião! Coisa ridícula! Seria inteiramente imbecil fazer uma cidade com forma de avião. Do triângulo da Praça dos Três Poderes, que é a cabeça da cidade, surgiu a Esplanada para receber esses prédios destinados aos Ministérios. Surgiu o Eixo Monumental, não num sentido pretensioso, numa plataforma mais elevada." Uma pergunta que me ocorreu: e uma cidade em forma de borboleta, também não seria inteiramente imbecil? Avião ou borboleta, helicóptero ou mariposa, Brasília me parece um quadro de De Chirico, com seu ambiente metafísico-opressivo. Quando vi A piazza d'Italia (a pintura que ilustra o post) pela primeira vez, percebi de onde Niemeyer e Costa tiraram inspiração para projetar Brasília. O único detalhe no quadro que desagradou ao velhinho stalinista foi a presença de gente, mas ele conseguiu evitar esse incômodo na cidade



domingo, dezembro 18, 2005

Jurassic Park

No Brasil, morto não tem defeito. O sujeito morre ao meio-dia e às seis da tarde é canonizado. Em algumas ocasiões, esse processo é ainda mais rápido. Veja o caso de Oscar Niemeyer. As reportagens sobre seu 2.000.º aniversário mostram que ele já foi alçado à condição de semideus, embora, ao que tudo indica, continue vivo. Os jornais informaram que ele ainda trabalha todos os dias (mesmo tendo nascido no Cenozóico), e não pouparam elogios a sua “genialidade”. O mais divertido é que os textos não lembraram em nenhuma oportunidade que um dos maiores culpados por Brasília é fã de carteirinha de Stálin. Como já virou santo, Niemeyer só tem qualidades. A Folha o entrevistou, mas a repórter não fez nenhuma pergunta sobre o tema (para que deixar o vovô contrariado?) E Niemeyer não é um stalinista envergonhado. Não, ele faz questão de alardear sua coerência política.
No ano passado, em artigo para a Folha, ele atacou Kruschev, porque, “ambicioso, voltado para o poder, elaborou o lamentável relatório contra Stálin”.
O mais emocionante é que há quem goste de suas posições políticas. Cony escreveu em agosto que “ficou difícil encontrar um comunista por nossas bandas, com exceção (aliás honrosa e comovente) do Oscar Niemeyer, que é homem de caráter e coragem”. O que há de honroso e comovente em idolatrar um genocida? Eu vejo um exemplo de caráter e coragem parecido apenas no apoio dado em 1945 por Luiz Carlos Prestes a Vargas, que havia deportado Olga Benário (mulher de Prestes) para a Alemanha nazista nos anos 30



quinta-feira, dezembro 15, 2005

A volta dos bigodudos IV

Antes do surgimento de Ahmadinejad e suas declarações debilóides, eu achava que o pior que o Irã podia fazer ao Ocidente era aterrorizar o mundo com os filmes-bomba do Abbas Kiarostami. O diretor iraniano tem a capacidade invejável de transformar em longas roteiros que dariam ótimos – vá lá – candidatos ao Festival do Minuto. Mas a canalhice de Ahmadinejad mostrou que os iranianos podem ser muito mais perigosos do que os insuportáveis filmes do Kiarostami

PS: Eu não quis atingir a imagem dos porteiros com o post anterior, mas vou entender se eles ficarem ofendidos pela comparação com um maníaco como o presidente do Irã



A volta dos bigodudos II

A escalada de declarações anti-semitas do lunático presidente do Irã é um bom teste para ver a reação de intelectuais e políticos de esquerda. Eu gostaria que eles protestassem contra Ahmadinejad com um décimo da indignação que mostram a cada discurso da besta do Bush. Estranhamente, regimes totalitários, teocráticos e assassinos, que não respeitam os direitos das mulheres e não admitem oposição, recebem um tratamento camarada de parte da intelligentsia ocidental, em nome de um relativismo cultural que muitas vezes vê no homem-bomba apenas “uma vítima da opressão do mundo globalizado”. Para eles, o fato de uma parte não desprezível – atenção, eu não disse a maioria - do mundo muçulmano ansiar pela destruição dos países e valores ocidentais é apenas um detalhe.
Quando vejo declarações como as de Ahmadinejad, eu me lembro da frase de meu pai sobre os muçulmanos em geral: “Não se pode respeitar um povo que reza com o traseiro para cima” (na versão original, meu pai, educado na Suíça, usou um termo mais cru do que traseiro). E, dado o nível de barbaridades expelidas pelo presidente do Irã, sou levado a pensar que meu velho não estava totalmente errado. Aproveitando a mesma linha sofisticada de argumentação: Ahmadinejad não tem cara de porteiro, e aquele tipo de porteiro que não consegue anotar recado de modo nenhum?



terça-feira, dezembro 13, 2005

Nova cara, mas o corpinho é o nosso mesmo

Como qualquer leitor não cego pode perceber, nós mudamos o template do Torre de Marfim, quer dizer, a Cris França, do Feira Livre, mudou. O conteúdo, porém, vai continuar o mesmo, alternando temas sofisticados, como a filosofia de Anacleto de Avignon, e assuntos mais populares, como a Sala Especial. E nós aproveitamos esta interrupção nas nossas discussões para deixar claro que são exagerados os boatos de que o autor do Torre de Marfim seria o Alex Castro. Ele fez uma ironia no Liberal Libertário Libertino a esse respeito, mas parece que nem todo mundo entendeu. Os responsáveis pelos posts que você lê aqui somos eu e o F. Arranhaponte, para o bem e para o mal. Nós agradecemos a publicidade gratuita do Alex, mas fazemos questão de que os aplausos e vaias ao Torre de Marfim recaiam sobre nossas cabeças, e não sobre a de outros metidos a engraçadinhos. Abraços a todos



segunda-feira, dezembro 12, 2005

Os embalos de sexta-feira à noite

Neste post, Uncle Filthy falou das grandes estrelas da pornochanchada nacional, mostrando um gosto refinado ao escolher Aldine Muller como a musa desse período tão rico do cinema brasileiro. Eu confesso que o texto me emocionou: lembrei dos meus tempos como assíduo espectador da Sala Especial. Todas as sextas-feiras, às 11 horas da noite, a Record nos brindava com os filmes brasileiros que realmente fizeram história. O que é Terra em transe perto de clássicos como A super fêmea, A árvore dos sexos e Elas são do baralho?
Quem tem livre acesso à pornografia na Internet ou vê programas como o Sexytime, do Multishow, não tem idéia da importância da Sala Especial para o jovem punheteiro do fim dos anos 70 e começo dos anos 80. E a verdade é que nem tudo era fácil para os seguidores de Onan naquela época. Tudo começava pela qualidade do sinal da Record, que era horrível, pelo menos no meu bairro. Na minha casa não havia antena externa e, por mais pedaços de bombril que meu pai colocasse na interna, a imagem era sempre tomada por chuviscos e sombras.
Outro problema: nós tínhamos apenas uma televisão, que ficava na sala. Meus pais sempre dormiram cedo, mas abriam algumas exceções, por coincidência nos dias em que eu queria ver Sala Especial. Havia um momento, porém, em que eles capitulavam. A sala, enfim, era minha. Eu girava silenciosamente o seletor de canais – sim, não havia controle remoto -, colocava na Record, baixava o som, dava uma mexida bem caprichada nos bombris e pronto: a Sala Especial estava no ar!
Eu poderia inventar um passado de filmes cheio de erotismo e luxúria, mas prefiro a verdade: eu dava um azar dos infernos com os filmes! Na maior parte das vezes, os que vi eram péssimos, e o conceito de péssimo aqui significa pouca ou nenhuma nudez feminina. O IMP – índice de mulher pelada – por filme era baixíssimo. A falta de controle remoto me deixava em estado de tensão permanente: a qualquer ruído que pudesse significar aproximação dos meus pais, eu era obrigado a dar um bico no seletor, para mudar de canal. Mas, dado o baixo IMP, o meu maior drama era sincronizar o clímax com a aparição dos peitos da Nádia Lippi, por exemplo, e evitar a todo custo que ele ocorresse quando a bunda do David Cardoso estivesse na tela. Vejam vocês o que é a falta de opção: terminado o filme, eu não tinha dúvidas de qual seria o programa da próxima sexta-feira: assistir a Sala Especial, torcendo para que o filme da semana seguinte trouxesse mais peitos de mulher do que bunda de homem



quarta-feira, dezembro 07, 2005

Anacleto, entre o apolíneo e o dionisíaco III

A verdade é que a obra de Anacleto é muito complexa e intrincada. Mesmo assim, decidi divulgá-la para um público mais amplo, o que me valeu reprimendas de anacletianos mais ortodoxos. Fiquei escandalizado justamente ao descobrir que nem no Google é possível encontrar alguma coisa sobre o filósofo de Avignon. E foi oportuna a sua menção ao aforismo CLXXXVIII, que mostra a faceta mundana de Anacleto. Ao que tudo indica, ele teve uma fase bastante desregrada em sua vida, antes de atingir o equilíbrio entre o apolíneo e o dionisíaco. O aforismo LXIX, por exemplo, é considerado apócrifo por alguns anacletistas, dado o seu elevado grau de erotismo: “Feliz do homem que saboreia o néctar íntimo feminino, porque se aproxima do que de mais divino há na Terra”. Apócrifo ou não, o aforismo é talvez o mais verdadeiro dos que foram (ou não) escritos por Anacleto



terça-feira, dezembro 06, 2005

Anacleto, entre o apolíneo e o dionisíaco

Num post abaixo, citei o grande filósofo Anacleto de Avignon. Achei que ninguém se interessaria por ele, mas qual não foi minha surpresa quando alguns leitores - sim, eles existem - e amigos perguntaram sobre o injustiçado Anacleto. Pouco se sabe sobre sua vida, ao que parece transcorrida inteiramente em Avignon, entre 1573 e 1653. Católico fervoroso na juventude, funcionário público medíocre, Anacleto teve o estilo límpido elogiado até pelo anticlerical Voltaire. Seus aforismos lhe valeram a alcunha de La Rochefoucauld católico. A obra anacletiana se resume a apenas dois livros. O primeiro, “Reflexões de um jovem católico”, tem como aforismo mais importante o estóico “Privar-se dos prazeres é o maior dos prazeres”. Em seu outro livro, “Aforismos da maturidade”, os traços religiosos continuam presentes, mas sem o proselitismo exagerado do primeiro, como nota Otto Maria Carpeaux no pouco conhecido ensaio “Anacleto e a busca do equilíbrio entre o apolíneo e o dionisíaco”. Bakhtin é outro que dedicou algumas páginas a Anacleto, no seu livro “Problemas na poética de Dostoievski”. Para ele, o filósofo de Avignon antecipou o “Se Deus não existe, tudo é permitido”, que aparece em “Irmãos Karamazov”, ao escrever, no século 17, que “um mundo sem Deus é inconcebível, pois uma existência sem nenhum limite é insuportável até para o mais convicto dos incréus". Por que um gênio como Anacleto está quase esquecido? A resposta parece estar no ensaio de Carpeaux: quem tenta conciliar opostos aparentemente irreconciliáveis como o apolíneo e o dionisíaco não tem espaço num mundo que busca certezas cada vez mais absolutas como o atual

PS: Os livros de Anacleto nunca foram publicados no Brasil. Eu tenho dois exemplares editados em Portugal, no começo do século 20. Não vendo e não empresto de jeito nenhum



segunda-feira, dezembro 05, 2005

Histórias de vida

Eu não suporto pessoas com história de vida. Quem veio de baixo e conquistou tudo com o próprio esforço exala uma superioridade moral intolerável. Lula é o caso mais óbvio. Como passou fome e veio para São Paulo num pau-de-arara, acredita fanaticamente que ninguém pode falar com mais propriedade do que ele sobre fome e sobre como acabar com a pobreza. Sua história pessoal pode ser considerada comovente, mas o uso que faz dela me deixa enojado. Para o Guia Genial, o que um sujeito que passou a vida estudando pode saber mais sobre o assunto do que ele, que na infância muitas vezes não tinha o que comer?
O mais novo queridinho da mídia que tem história de vida é Seu Jorge. Como foi morador de rua e hoje é cantor e ator de sucesso, virou celebridade. Há algumas semanas, foi o entrevistado do Roda Viva. Eu não vi e não gostei. É verdade que Seu Jorge não tem a mesma empáfia de Lula, e até onde eu sei não usa o fato de ter sido morador de rua como argumento definitivo para encerrar discussões. De qualquer modo, sua história de vida sem dúvida é fundamental para explicar a fascinação que ele provoca na imprensa. Se o Seu Jorge é bom cantor – eu acho que não é -, se é bom ator – eu tenho certeza que não é -, isso não interessa. Há alguns meses, quando ele se apresentou em São Paulo, eu vi várias pessoas empolgadas com a idéia de ir ao show de Seu Jorge não porque conheciam suas músicas, mas porque veriam de perto um sujeito que foi morador de rua e deu a volta por cima. Era um estado de espírito parecido com o de quem vai ao zoológico, e não de quem vai a um show de música



quinta-feira, dezembro 01, 2005

Para onde vai o quarto poder? VI

Quer dizer que Rui Barbosa era um desmancha-rodinhas? Eu não conhecia essa faceta do ilustre baiano. Confesso que sei pouco sobre ele. Quando eu era pequeno, Rui Barbosa era vendido pelas professoras como um dos grandes brasileiros de todos os tempos – o que não é grande coisa, já que a concorrência é fraca. Mas, aos poucos, essa imagem foi se desfazendo. Descobri ainda no colegial – para nossos leitores teens, o equivalente ao ensino médio atual -, que ele não foi um ministro da Fazenda dos mais brilhantes, embora tenha a honra de ter provocado a primeira crise inflacionária da República, com a política do Encilhamento. Eu ia criticá-lo por ter mandado queimar os arquivos sobre a escravidão, mas achei este artigo dizendo que a história é besteira. Como está no site da Casa Rui Barbosa, o texto não parece ter isenção suficiente para tratar da questão, mas a verdade é que, como sofro de caymmite, estou com preguiça de pesquisar a fundo para ver quem está certo.
Nas minhas andanças pela internet, eu me deparei com uma frase do próprio Rui Barbosa que talvez tenha um cunho autobiográfico maior do que ele mesmo gostaria de admitir: “O escritor curto em idéias e fatos será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá esperar senão breves análises e chochas tolices." (Rui Barbosa – A Imprensa e o Dever da Verdade, 9)



Para onde vai o quarto poder? IV

Há realmente um excesso de opinião no mundo. É só ligar a televisão e ver quantos programas consistem em juntar pessoas discutindo com empenho temas sobre os quais não têm o menor conhecimento, todos mais ou menos filhos bastardos do Manhattan Connection. O que me espanta - e me diverte algumas vezes - é que as pessoas se levam a sério demais. Não é difícil ver o ex-big brother no programa da Luciana Gimenez dando sua opinião sobre o referendo da venda de armas, com a convicção de que tem algo de importante a dizer. Mas em termos de opinionismo sem base, ninguém supera os dois expoentes do pensamento baiano tropicalista. Caetano Veloso e Gilberto Gil sempre estarão dispostos a responder tudo o que lhes for perguntado, do programa nuclear brasileiro à política monetária ortodoxa do Banco Central. Caetano, por exemplo, não se avexa em interpretar o Brasil, como se fosse um Sérgio Buarque do Recôncavo. E Gil fez um disco - Quanta - em que aproveita para inserir conceitos de física quântica nas músicas. É demais de bonito tanto conhecimento e humildade andando de mãos dadas, meu rei



Autores

* Marcos Matamoros
* F. Arranhaponte


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